Vespas parasitas salvam altar de Erfurt
Para acabar com as brocas de madeira, que colocavam em risco o altar de Cranach, em Erfurt, especialistas confiaram no apetite de vespas parasitas. Durante quatro semanas as vespas voaram pelo altar e praticamente dizimaram as brocas.
O Noivado Místico da Santa Catarina, pintura de Lucas Cranach que integra o altar da Catedral de Erfurt, parece estar a salvo. Pelo menos, o director do departamento episcopal de obras, Andreas Gold, está convencido disto. Ele acha que a maioria das larvas de broca, que estavam na moldura do quadro que enfeita o altar da catedral, foi destruída.
As autoridades da igreja temiam mais pelo quadro do que pelo altar. A obra de arte de Cranach remonta ao ano de 1520 e é uma valiosa peça do período renascentista. O pintor, que era amigo de Lutero, é considerado um dos mais importantes artistas plásticos da Alemanha e da Europa do século 16.
Método inusitado
O programa de salvamento foi iniciado no ano passado, quando empregados da catedral perceberam que havia pó de madeira no altar, logo abaixo do quadro. As brocas (Anobium punctatum) haviam se aninhado na moldura, feita de madeira de tília, e estavam iniciando a escavação de galerias dentro da obra de arte.
A discussão a respeito do método a ser utilizado para combater a praga foi longa. Erhard Heinemann, especialista em madeira da cidade de Apolda, teve a idéia de utilizar o inimigo natural da broca de madeira em vez de gás, aproveitando-se do comportamento brutal das vespas parasitas.
Os insectos de apenas três milímetros encontram as larvas pelo olfato aguçado, paralisam-nas com uma picada e colocam um ovo ao lado da vítima. Assim os seus filhotes podem alimentar-se da larva e as brocas não conseguem mais proliferar.
Na agricultura, por exemplo, o método já era conhecido, mas os resultados de sua aplicação em um ambiente não-natural ainda não podiam ser previstos. "Também não estava certo se as minúsculas vespas iriam aceitar a comunidade de brocas como hospedeiro", disse o biólogo Matthias Schöller, de Berlim, que acompanhou a experiência. Uma tentativa bem-sucedida em laboratório encorajou a equipe a experimentar o salvamento da obra de arte com ajuda natural.
Ambiente artificial
No início deste ano o altar foi envolto numa folha de plástico e a 'estufa' foi aquecida a 20 graus centígrados com 55 a 60 por cento de umidade do ar, ambiente ideal para as vespas, originárias da região mediterrânea. Foram dispostas, em diferentes locais do altar, 13 amostras de madeira infectadas com 49 larvas de broca.
Três mil vespas foram soltas no altar e depois de quatro semanas, a análise mostrou que 48 de 49 larvas tinham sido destruídas, a restante provavelmente não foi dizimada porque as vespas não conseguiram chegar até o local onde a praga estava.
Nas próximas semanas, o altar ficará sob intensa observação, mas com base no resultado da análise das amostras, os especialistas estão convencidos de que as larvas no altar também já foram destruídas.
Os métodos tradicionais, como o gás, também não conseguem atingir 100 por cento de eficiência, afirmou Gold, especialista em arquitetura de igrejas. O método biológico é mais económico e não é prejudicial à saude humana.
Especialistas já vêem novas possibilidades de uso do método: ele poderia ser usado em ambientes onde não se pode trabalhar com gás ou nitrogénio. Outra possibilidade seria o alojamento de vespas parasitas em igrejas como forma de prevenção. Diversos países da Europa já mostraram interesse pelo assunto. Mas até que essas idéias possam ser postas em prática, Schöller afirma que serão necessários muitos experimentos.
Uma segunda experiência poderá ser realizada no verão, quando serão colocadas novamente vespas parasitas na Catedral de Erfurt. Desta vez porém, com temperatura natural.
noticia em: DW-World.de
terça-feira, abril 26, 2005
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Muito interessante o artigo.
ResponderEliminarBelo blog continua o bom trabalho.
escelente solução, a natureza trata de tudo. lá vãos os investimentos em máquinas de anóxia para a reciclagem! heheh
ResponderEliminarMónica, por acaso não conhece outros exemplos reais da aplicação destas vespas noutras obras, não?
obrigado.
Garmi
Olá Garmi!
ResponderEliminarPor acaso esta é única aplicação do trabalho das vespas que conheço... mas não deixa de ser bastante interessante!
Obrigado pelo post.
Mónica Reis
Realmente é uma notícia bastante interessante, só me questiono como depois é resolvido o problema das vespas. Elas depois concentram-se nos edifícios em questão? Se sim, como resolver esse problema mais tarde? Com produtos químicos?!!!
ResponderEliminarqual a espécie de vespa que vocês usaram?
ResponderEliminarobrigado!
Diogo