terça-feira, outubro 09, 2007

Myanmar ou Birmania - a dor do povo é igual

A chamada Revolta cor de acafrão, assim baptizada devido à cor das vestes dos monges, está a mutar-se subitamente para uma totalidade cor de sangue. Como é que se pode matar, oprimir, deter, privar da suas actividades, pessoas que se manifestam pacificamente com um único objectivo: "todos os seres vivam livres de ódio e do perigo"

Porque ninguém deve ficar indiferente, tomemos uma atitude activa perante uma situação de extrema vileza. Este condenável acto que vai contra os direitos humanos, os mais basicos, deve ser exposta perante todos. O que podemos nós fazer enquanto cidadãos? Pelo menos tornar válido o nosso descontentamento através do Online Petition e do avaaz. É um acto mínimo mas ao alcance de todos. O peso que este processo tem perante a sociedade pode ser quase nulo, mas não facilitemos e usemos tudo o que estiver ao nosso alcance.

As datas de um país num relance:

1057 - O Rei Anawrahta funda o primeiro estado birmanês unificado em Pagan e adopta o budismo como religião.
1885-86 - Os britânicos ocupam Mandalay e a Birmânia passa a ser uma província da Índia britânica.
1937 - O Reino Unido separa a Birmânia da Índia e torna-a numa das jóias da coroa.
1942 - O Japão invade e ocupa a Birmânia coma a ajuda do Exercito Independente Birmanês, que mais tarde se transforma na Liga Antifascista para a Libertação do Povo (LALP).
1945 - O Reino Unido liberta a Birmânia do jugo japonês com a ajuda do LAFLP liderada por Aung San, pai da futura contestatária Aung San Suu Kyi.
1948 - A Birmânia torna-se independente com Thakin Nu como primeiro-ministro.
Anos 50 - Thakin Nu juntamente com o primeiro-ministro indiano Nehru, o presidente indonésio Sukarno, o presidente jugoslavo Tito e o presidente egípcio Nasser fundam o Movimento dos Não Alinhados.
1962 - O partido de Thakin Nu é afastado do poder por um golpe militar levado a cabo pelo general Ne Win, que abole o sistema federal e instala a "via birmanesa para o socialismo" - nacionaliza a economia, forma um estado de partido único e proíbe os jornais independentes.
1974 - A nova constituição entra em vigor e transfere o poder das forças armada para uma junta do povo constituída pelo general Ne Win e outros líderes militares.
1975 - A Frente Democrática de Oposição Nacional (FDON) é criada na ilegalidade e passa a realizar operações de guerrilha.
1987 - A desvalorização monetária lança milhares de pessoas para a pobreza e impulsiona protestos contra o governo.
1988 - Milhares de pessoas são mortas nas manifestações anti-governamentais. É criado o Conselho da Restauração da Ordem e Lei do Estado (CROLE).
1989 - O CROLE prende milhares de pessoas, incluindo advogados e activistas de organizações dos direitos humanos e muda o nome do país de Birmânia para Myanmar. A líder da Liga Nacional para a Democracia (LND), Aung San Suu Kyi, é detida pela primeira vez.
1990 - A LND vence as eleições legislativas de forma categórica, mas os resultados são ignorados pela junta militar.
1991 - Aung San Suu Kyi recebe o prémio Nobel da Paz, pelos seus esforços para uma mudança pacífica na Birmânia. Como está detida em casa não pôde ir a Oslo receber a distinção.
1997 - A Birmânia é admitida com membro da Associação de Nações do Sudoeste Asiático (ASEN). O CROLE muda o nome para Conselho para o Desenvolvimento e Paz do Estado (CDPE).
2001 (Setembro) - Khin Nyunt, director dos serviços secretos birmaneses, em visita à Tailândia, promete o envolvimento da Birmânia para acabar com o comércio de drogas no triângulo dourado.
2001 (Novembro) - O presidente chinês, Jiang Zemin, visita a Birmânia em sinal de apoio ao governo e incentiva novas reformas económicas.
2003 - Khin Nyunt torna-se primeiro-ministro e propõe a realização de uma convenção onde seria delineada uma nova constituição, que faria parte de um "mapa" em direcção à democracia.
2004 (Maio) - Começa a convenção constitucional, independentemente do boicote da LND, cuja líder Aung San Suu Kyi continua em prisão domiciliária. A convenção é suspensa em Julho.
2004 (Novembro) - Alguns dissidentes são libertados, entre eles Min Ko Naing, um dos mais importantes líderes dos motins de 1988.
2005 - Recomeça a convenção constitucional, mas sem a participação da maioria da oposição e de alguns grupos étnicos. As conversações terminam em Janeiro de 2006 sem quaisquer alterações.
2007 (Janeiro) - A China e a Rússia vetam uma resolução dos EUA proposta no Conselho de Segurança da ONU. O documento visava impedir as perseguições feitas aos opositores políticos na Birmânia, bem como às minorias étnicas.
2007 (Abril) - A Birmânia e a Coreia do Norte reatam relações diplomáticas, após um interregno de 24 anos.
2007 (Maio) - A prisão domiciliária de Aung San Suu Kyi é prolongada por mais um ano.
2007 (Junho) - Indo contra a sua habitual posição neutral, o Comité Internacional da Cruz Vermelha (COICV), acusou o governo birmanês de não respeitar os direitos do povo.
2007 (Agosto) - Na sequência da subida maciça do preço dos combustíveis e dos transportes uma onda de protestos começa a varrer o país. Dezenas de activistas são presos.
2007 (Setembro) - Monges budistas lideram uma série de protestos anti-governamentais a que se juntam milhares de civis. A junta militar ordena que a policia carregue sobre a multidão, que detém centenas de protestantes. Pelo menos duas dezenas de pessoas são mortas, entre elas, Kenji Nagai, um fotojornalista japonês.


E agora? Vai ficar aí indiferente?

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