quinta-feira, novembro 02, 2006

Mosteiro de Semide em Miranda do Corvo em risco de desaparecer de vez


"Vítima" de vários incendios que o foram destruindo, de obras que começaram e não acabaram, de fundos que não chegam, o Mosteiro de Semide está agora face à condenação total. Estava previsto para Setembro o reeniciar das obras que o iriam proteger da destruição, mas agora tudo está perdido e a Camara Municipal de Miranda do Corvo afirma que não pode custear esta obra.



Em Janeiro, afirmava-se que "a recuperação do convento foi alvo de um protocolo em 1999, entre o Instituto do Emprego de Formação Profissional e a Direcção- Geral dos Monumentos Nacionais, mas a primeira fase das obras só arrancou em 2003, com a consolidação e cobertura dos edifícios ardidos em 1964 e 1990. A primeira fase foi concluída no primeiro trimestre de 2004, mas falta concretizar a segunda e terceira etapas de um projecto que engloba a recuperação total dos imóveis. Nesta segunda fase, serão criados novos espaços que deverão ser utilizados pelo Centro de Formação Profissional de Artesanato (Cearte), que possui um pólo no convento, e pela população de Semide. No piso 0 nascerá uma zona residencial para os participantes de acções de formação, duas oficinas e seis novos espaços para salas de aula do Cearte. Na antiga sala do Capítulo será construído um museu de arte sacra a cargo da paróquia e outras infra-estruturas destinadas à igreja. José Afonso Mira garantiu que os trabalhos de recuperação vão ter início ainda em 2006, com duração de um ano, intervindo também na consolidação do claustro quinhentista do convento. (Fonte: Jornal de Noticias)

Agora que estamos já em Novembro do ano de 2006, duvido que as obras possam arrancar e ser concluidas ainda este ano...

Breve História do Mosteiro:(Fonte: Coimbra-Nacional)

-O mosteiro de monges beneditinos, fundado em 1154, na localidade de Semide, passou a convento de freiras para receber as descendentes de Martim Anaia, o fundador.
-Do que resta, a parte mais antiga é o claustro do séc. XVI, cerca de 1540.
-O incêndio de 1664 devorou a maior parte do edifício que foi reconstruído e inaugurado, com a actual igreja, em 1697.
-A ala poente foi queimada por um grande incêndio, em 1964.
-A parte do Claustro Velho, a casa do Capítulo e a Sacristia foi também recentemente destruída por um incêndio de grandes proporções em 16 de Agosto de 1990.
-De todo o conjunto salienta-se a Igreja, com um retábulo e cadeiral em madeira, dos finais do século XVII, azulejos policromáticos do séc. XVIII, esculturas dos séc. 17 e 18 e altar-mor também do século 17. O órgão da Segunda metade do séc. 18.
-Em Setembro de 2000 foi descoberta a fornalha d um primitivo fogão durante as obras efectuadas no refeitório do Convento, supervisionadas pela direcção-geral dos Edifícios e Monumentos. Trata-se de uma fornalha embutida no solo da antiga cantina, na qual a combustão se processaria através de um túnel construído em tijoleira que também foi posto a descoberto. Este achado está preservado, servindo de testemunho da época de construção daquela parte do edifício que remota aos séc. 17 e 18.
-Encerrado na altura da extinção das ordens religiosas, aí foi instalada uma escola Profissional de Agricultura, sob a égide da então Junta Distrital, por iniciativa do Dr. Bissaia Barreto.
-Devido ás condições acústicas do local tem-se realizado anualmente o ENCONTRO DE COROS na Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Semide que tem contado com coros nacionais como também internacionais.

4 comentários:

  1. Lamentável!
    Se a comunidade de Miranda do Corvo se manifestasse talvez a Câmara se sentisse mais pressionada a levar por diante as obras. Muitas vezes, as pessoas estão alheadas do seu património e creio que temos de ser proactivos se queremos que as coisas melhorem. Também temos um papel determinante, enquanto cidadão, na defesa e salvaguarda do que afinal é nosso.
    Parabéns por divulgar esta situação, já que esta também é uma forma de passar a mensagem sobre os problemas do património.
    AC

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  2. Faço a ronda, não por imperativos menos concebíveis, mas porque este blogue é duma estética irrepreensível, comprometido com a beleza da vida, a merecer mais e constantes visitas, porque aqui respira-se serenidade, e sinto-me, dum modo agradável, satisfeito, porque a excelência não tem preço, simplesmente, apreço. Bom fim-de-semana.

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  3. São comentários como estes que permitem retirar deles uma lufada de ar fresco e continuar a "postar". Agradeço o seu inusitado e glamoroso comentário.

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  4. Conheço bem este mosteiro, ou não fosse mesmo aqui ao lado de Coimbra, e parte-se-me o coração vê-lo no estado em que está. A ver vamos se alguém lhe deita a mão...

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